Dinheiro perdido e linguagem ruim
- Andre Rodrigues Costa Oliveira
 - 27 de mai.
 - 3 min de leitura
 
Hoje nós vamos tentar fazer um cálculo que, em tese, jamais precisaria ser feito em uma sociedade que se diz em pleno desenvolvimento, mas que lamentavelmente há que ser observado: vocês já pararam para pensar na quantidade astronômica de dinheiro que se perde em negócios não concretizados (tais como a comercialização de produtos ou serviços de quaisquer naturezas por exemplo) em decorrência da pobreza vocabular de brasileiros e de brasileiras? Melhor dizendo: Vocês já tentaram quantificar numericamente os empregos que não são conquistados, as vendas que não são fechadas, as parcerias de trabalho que não evoluem, as conversas mal interpretadas e as falhas que não são corrigidas em todos os setores da cadeia produtiva na sociedade simplesmente porque as pessoas não se entendem?
Quantas vezes você já entrou em uma loja a fim de comprar um sapato e acabou deixando de comprar porque o vendedor não conseguiu minimamente transmitir a mensagem de venda ante a falta de vocabulário, ou não compreendeu aquilo que você pediu a ele?
Quantas vezes você foi a um culto de alguma igreja ou doutrina na qual o celebrante cometia erros de vernáculo que chegavam a doer os seus ouvidos?
Quantas vezes você teve aula com um professor que de repente até sabia a matéria lecionada, mas que carecia da instrumentação verbal ou da escrita necessária a transmissão de seu conhecimento aos alunos?
E aí, diante de gritante falta de vocabulário, pessoas optam diariamente por buscar palavras e e expressões que estão na moda, tentando demonstrar ao interlocutor uma suposta cultura que disfarça descaradamente a ignorância: e aí começa a tal da energia (que a menos que você esteja estudando física é uma palavra que não explica nada com nada), depois vem a consagrada “zona de conforto”, que virou um mantra entre os palestrantes motivacionais, tem também a tal da expressão “pensar fora da caixa”, sabe-lá o que seja isso, o tal do “tóxico” para se referir a algo ou a alguém que lhe esteja fazendo mal, o “empoderamento”, que já até saiu de moda (mas tem gente que ainda usa) o “lugar de fala”, quando alguém se sente oprimido ou ou pratica a autovitimização e etc.
E o que mais nós temos hoje, minha gente? Vamos lá: As palavras e as expressões em língua estrangeira - inglês principalmente - que o povo não sabe o que significam mas adora utilizar principalmente nos meios corporativos para que pareça competente!!! E aí vem o brainstorming, coaching, CEO, Feedback, ASAP, Call, Cringe, networking, Crush, Head, Mainsplaining, Squad, Fit, workout, mailing, Match, Mindset, Take Away, Stalking, underdog e por aí vai. E finamente, um fenômeno surgido após o advento dos aplicativos de mensagens instantâneas agora temos as abreviações e os emojis!!!
Eu entendo que qualquer linguagem do planeta vive em constante mutação e não existe dúvida quanto a esse aspecto: só que eu não aceito que o TBT, TMJ, FDS, TB, OBG, BPN, BTF, CTT, FLW, VSF, PVT, VTC, DMR, DRX, MDS, MDM, PDC, PCR, PDC, PFT, PLMDS, PPRT, SLA, SLK, SLC, SQN, RS, PSE, TLG sejam propriamente eficazes e eu vou até mais longe: poucas coisas são mais irritantes do que um colega de trabalho que se comunica dessa forma, ou um filho adolescente que também se comunica dessa forma e acha que a gente tem a obrigação de entender isso.
Eu já mando logo um pqp ou um vtnc para encerrar de uma vez o assunto. E agora já finalizando: é um absurdo que o brasileiro perca oportunidades porque ainda não consegue ler; ou que lê alguma coisa e não entende. Ou que não consegue se comunicar em seu próprio idioma, e isso não tem nada a ver com elitismo ou com norma culta. E quem não se comunica claramente, é exatamente aquele indivíduo fadado à servidão eterna e incurável, já que os que poucos sabidos que sabem se comunicar serão os decidirão por eles, uma vez que são completamente incapacitados ao debate e a expressão de ideias.
É exatamente assim que o mundo funciona. E aos idiotas que ainda creem que educação é algo caro, experimentem a ignorância e depois vocês me contam como foi o resultado.
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